Gemidos de
agonia abafados pela mordaça improvisada, braços forçando as amarras apertadas,
lágrimas escorrendo de olhos brilhando em desespero e, por outro lado, o
sorriso cruel, o olhar malicioso e mãos grosseiras.
Entre suas
pernas penetrou mostrando-lhe a dor física de ser invadida pelo pérfido, ao ter
a impureza cravada em sua pele, em sua face bateu machucado seu alvo rosto,
manchado sua perfeição, abduzindo sua inocência.
Olhou-a com um
falso brilho condescendente em seus olhos e levou suas mãos ao seu pescoço
enquanto ria insanamente, apertou e fixou seu olhar ao dela, até que viu aos
poucos a vida se esvaindo dos olhos brilhantes, ficando vidrados como os de uma
boneca – vazios.
O olhar sádico
era palpável enquanto olhava sua obra, ainda tão perfeita e branca, não gostava
daquela cor, então decidiu que arrancar-lhe-ia a pele. Começou pelo rosto, tão
perfeito mesmo com marcas da agressão anterior, com uma navalha partiu-lhe a
pele da testa e continuou a arrancar o resto com suas próprias mãos, até que chegasse
aos pés.
Coberta pelo
rubro sangrento, ela ainda era linda aos seus olhos, então desistiu de ser
gentil e começou a desmembrá-la, esquartejou-a, dividiu em pequenos pedaços,
separando a carne dos ossos.
Ela ainda era
bonita, então pegando seus pequenos pedaços passou a moê-los, até que que
escorressem liquidificados, para por fim, apará-los em um jarro. Admirou sua
obra, irritado bateu a porta e nunca mais retornou. O líquido foi jogado em um
lago, que com a seca evaporou-se.
E foi exatamente
assim que foi feito com meus sentimentos. Sentimentos belos e puros que foram
tocados por mãos grosseiras, corrompidos por uma mente cruel e brutalmente
assassinados. Do sólido ao vapor, moldando-se da perfeição à inexistência
visual ou mesmo sensorial. A criação do ser que sou, o oco. O vazio.